27 de dezembro de 2009

Silêncio

Filomena era velha e se achava no direito de falar o que bem entendesse. Se exagerava, e a mandavam morder a língua, mordia logo a de outro. Nem doente deixou de ser assim. Até um dia amanhecer muda. Acordou desesperada, tentando chamar os filhos e netos para contar-lhes que era coisa da vizinha macumbeira, mas ninguém lhe dava atenção. Estavam todos ocupados demais com assuntos do velório.